Principais doenças do rebanho: conheça os males que mais afetam os animais e a produtividade da fazenda
O rebanho brasileiro, com cerca de 211 milhões de cabeças, é o segundo maior rebanho mundial de bovinos, atrás da Índia, e o maior exportador e o segundo maior produtor de carne bovina, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). No entanto, é também um dos que mais sofre com os prejuízos causados por doenças. As perdas podem chegar a casa dos bilhões.
Um exemplo é o caso da miíase, mais conhecida como bicheira, que, de acordo com um levantamento feito pela Embrapa Pecuária Sul, no Rio Grande do Sul, leva a perda de cerca de R$ 171 milhões ao ano, na pecuária gaúcha. Para proteger o rebanho e a produtividade, é importante saber quais as principais doenças que podem afetá-los e como preveni-las. Acompanhe a leitura.
Quais os sinais de que o animal não está bem?
Estar atento ao comportamento do rebanho é importante para se detectar, o quanto antes, alguma alteração que possa indicar que algo não vai bem. A proximidade e atenção facilitam a tomada de decisões e evitam que o mal se alastre dentro do pasto. Ter um gado sempre saudável é o objetivo principal de todos os produtores. Então, veja o sinais que devem ser um alerta e procure por um Médico Veterinário o quanto antes:
- dor;
- febre;
- apatia;
- fraqueza;
- perda de peso;
- respiração ofegante;
- queda de produtividade;
- dificuldade de locomoção;
- menor tempo de ruminação.
Doenças mais comuns no rebanho
Mastite
No rebanho leiteiro, trata-se da doença mais recorrente. A mastite, ou mamite, inflamação da glândula mamária, afeta, diretamente, a qualidade do leite, além de acarretar prejuízos com descarte de animais, custo de reposição e redução da produtividade. A mastite pode se apresentar sob duas formas: a clínica e a subclínica, sem sinais de inflamação evidentes. Esta última, normalmente a mais prevalente, é responsável por cerca de 70% das perdas, levando a redução da produção de leite em até 45%.
A infecção pode acontecer por diversos tipos de microrganismos e as forma de contágio são por meio do solo, utensílios, dejetos, mosca, água e outros locais contaminados que atingem a extremidade da úbere. Assim, para evitar o mal, os procedimentos de higiene e manejo devem ser feitos com todos os cuidados essenciais.
Tristeza Parasitária Bovina
No Brasil, por conta do clima quente e úmido, a doença tem as condições ideais para o seu desenvolvimento. Apatia, febre, anemia, urina vermelha, diminuição na ruminação e icterícia são alguns dos sintomas clínicos da Tristeza Parasitária Bovina (TPB), um complexo de duas doenças, babesiose e anaplasmose, transmitidas pelo carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus.
De acordo com estudos da Embrapa Pecuária, trata-se de uma das principais causas de prejuízo econômico na pecuária, pois gera altos índices de mortalidade e morbidade, redução na produção de carne e ou leite, aborto e menor fertilidade em machos e fêmeas. Uma forma de prevenção é a profilaxia natural, possível nas regiões em há a presença constante de carrapatos, tornando assim os animais resistentes à TPB.
Brucelose
A enfermidade afeta os animais e pode ser transmitida ao homem por meio da ingestão do leite e seus derivados, que tenham contato direto com secreções, sangue ou esterco de animais acometidos pelo mal. Causada pela bactéria Brucella abortus, a doença causa, principalmente, aborto por volta dos 6 meses de gestação, na pecuária leiteira, além de repetições de cio, nascimentos prematuros e queda na produção.
Segundo pesquisas, as perdas causadas pela brucelose podem chegar a 25% na produção de leite e na redução de até 15% na produção de bezerros. As formas de prevenção são vacinação de fêmeas e diagnóstico e sacrifício de animais com diagnóstico positivo.
Febre Aftosa
Um dos males mais preocupantes no campo, a febre aftosa é uma doença viral que se espalha facilmente pelo rebanho e gera grandes prejuízos à produtividade. Um estudo divulgado em 2007, pela revista INTERthesis — da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina -, quase todos os animais expostos ao vírus adoecem e mostram sinais da doença. A perda de peso é um dos grandes reflexos da febre aftosa, pois inviabiliza a venda para o abate e também a produção de leite. Um rebanho infectado pode significar perdas de até 25% na produção. A doença compromete também a qualidade da carne.
Para prevenção da febre aftosa, é fundamental seguir o calendário específico de vacinas, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para cada estado do País. Com a doença já instalada, é preciso isolar os animais doentes, sacrificá-los e eliminar fontes de infecção. Por se tratar de uma doença de notificação obrigatória, é necessário chamar um Médico Veterinário para comunicar a enfermidade à Secretaria da Agricultura da região.
Podridão dos cascos
Infecções que afetam os cascos também estão entre as principais doenças do rebanho bovino. A podridão dos cascos é uma infecção necrótica causada pelas bactérias Fusobacterium necrophorum e o Bacteroides melaninogenicus. Os problemas nos cascos geram dor extrema e um grande desconforto ao animal, que pode começar a mancar.
Dados mostram que a incidência média no gado de corte é de 5 a 20%, ao ano, e no gado leiteiro de 15% a 35%. Neste último, ocorre uma queda na produção de leite de pelo menos 12%. Para evitar que o mal acometa o rebanho, é fundamental realizar o manejo sanitário e nutricional de forma correta, além de estar atento, pois um diagnóstico precoce e uma ação rápida na contenção da infestação reduzem os prejuízos.
Miíase (ou bicheiras)
Uma infestação de larvas da mosca Cochliomyia hominivorax é o que caracteriza a miíase, mais conhecida como bicheira. A doença acontece em todo o Brasil e a incidência é maior nos mais nos períodos mais quentes e úmidos. As larvas se hospedam, normalmente, em feridas abertas, que quando não tratadas, podem ser continuamente infestadas.
Os prejuízos com a miíase se dão na diminuição de produtividade de leite, na redução do ganho de peso e até na perda de qualidade do couro. Para prevenir, atitudes simples como cuidados com lesões acidentais, feridas cirúrgicas e o manejo do umbigo em bezerros são essenciais.
Alimentação insuficiente
Aqui não se trata de uma doença específica, mas sim de um fator fundamental que afeta o rebanho. A alimentação inadequada ou insuficiente é um dos principais responsáveis pelo baixo desempenho da produção brasileira de leite. Segundo técnicos e pesquisadores do Balde Cheio, programa da Embrapa, o problema é considerado o mais importante da pecuária leiteira nacional, principalmente em pequenas e médias propriedades. A equipe do Balde Cheio utiliza da tecnologia para capacitar e orientar técnicos na solução do problema.
Boas técnicas de manejo para ajudar na prevenção de doenças
Ao realizar boas práticas de manejo, os produtores garantem o bem-estar e os resultados dos animais. As ações também são medidas de segurança para todos os profissionais envolvidos no trabalho.
5 dicas importantes no manejo:
- pense e realize ações de bem-estar animal;
- tenha estruturas adequadas na fazenda;
- mantenha a vacinação do rebanho em dia;
- ofereça alimentação em quantidade adequada e de qualidade ao rebanho;
- tenha orientação e capacite a equipe.
Com as informações em mãos, fica mais fácil saber como proteger os rebanho e a produtividade. Gostou do conteúdo? Então, compartilhe. No blog da Bimeda, você encontra mais dicas e orientações sobre saúde animal.
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