Parasita no rebanho é sinônimo de prejuízo, seja monetário ou relacionado ao bem-estar do animal. Um boi com infestação moderada de carrapatos, por exemplo, perde até uma arroba por ano e, de acordo com estimativa divulgada pelo artigo "Reavaliação do potencial impacto econômico de parasitos de bovinos no Brasil", do professor Laerte Grisi da UFRJ, publicado na Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, o prejuízo anual é de mais de três bilhões de dólares.
Com mais de 220 milhões de cabeças, distribuídas por oito milhões de hectares quadrados, o rebanho bovino brasileiro é um dos mais afetados pelas verminoses, já que os climas tropicais e subtropicais que prevalecem no País favorecem a ocorrência de parasitas internos e externos.
Ainda de acordo com artigo da Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, as perdas econômicas totais com o parasitismo chegam a casa dos 14 bilhões de dólares por ano. O gado, quando acometido por um parasita, tem seu desempenho comprometido e apresenta menor ganho de peso.
As doenças causadas pelos vermes podem levar ao não ganho de 30 a 60 quilos por animal por ano até o abate e suas consequências atingem diretamente a rentabilidade da produção. Acompanhe a seguir como os endo e ectoparasitas afetam a produtividade e confira dicas importantes para prevenção.
Como os parasitas afetam o rebanho e a produtividade
Alimentando-se das vitaminas, proteínas e dos sais minerais dos animais, os parasitas são grandes responsáveis pelo retardo no crescimento e desenvolvimento do rebanho, atrasando assim o tempo de abate. O impacto desse atraso é convertido em perdas bilionárias, anualmente, na pecuária brasileira.
Um exemplo claro desse prejuízo é do parasitismo causado pelos nematóides gastrintestinais, que se alojam no interior do animal. Em vacas leiteiras e de corte, as perdas são estimadas em 7 bilhões de dólares, representando assim o problema econômico mais importante do setor no Brasil.
Quando relacionados aos carrapatos – chamados de ectoparasitas, pois se instalam na parte de fora do corpo do hospedeiro – os estudos apontam que para cada carrapato presente no bovino, são perdidas, diariamente, de 1,18 e 1,37 gramas. Os prejuízos incluem ainda diminuição da qualidade do couro, lesões na pele e anemia.
O berne, outro ectoparasita, que perfura a pele do animal e se hospeda nele por cerca de 35 dias, provoca grande irritação no animal e gera uma perda de leite, carne e couro estimada em 200 milhões de dólares na América Latina.
Programas de vermifugação estratégicaEnter heading here...
Estudos realizados ao longo de seis anos, em bovinos Nelores no centro-oeste do Brasil, mostraram que houve um ganho de peso médio superior a 41 quilos em animais vermifugados com base em um programa estratégico, que atua com foco na prevenção. Em outra pesquisa, pode-se observar a diferença de 67 quilos no ganho de peso por animal entre os grupos tratados e não tratados na região sul do País.
Os números apresentados pelos pesquisadores são fundamentais para um entendimento claro e urgente da necessidade de se estabelecer na propriedade programas de investigação e regulação eficazes, que vão muito além do tratamento curativo no controle parasitário.
As principais recomendações de especialistas baseiam-se na antecipação dos cuidados que incluem a manutenção em dia da vermifugação do rebanho e o cumprimento estrito das regras de manejo sanitário.
Quais os períodos mais importantes na prevenção das verminoses?
Para que um programa estratégico de combate aos parasitas aconteça, efetivamente, é preciso atuar na hora certa. Entre os períodos importantes estão os momentos em que o animal fica com a imunidade mais baixa, como desmame e recria, e as épocas de transição do clima, como final e início das chuvas.
No desmama, o bezerro começa a pastar, a comer capim, ter a ingestão de parasitas e a perder os anticorpos oferecidos pela mãe. É imprescindível que haja uma ação de vermifugação nesse momento. Os bezerros acometidos por parasitas hematófagos, que se alimentam de sangue, não desenvolverão todo seu potencial real refletindo, assim, em perdas significativas à produtividade.
Na recria, o organismo do animal desvia os nutrientes para o desenvolvimento corporal que está a todo vapor, deixando-o mais vulnerável às doenças. Esse é outro período de grande importância no controle planejado de parasitas.
As ações de prevenção reduzem de forma significativa as chances de infestação e o investimento no controle de parasitas reverte em mais produtividade na propriedade, menor prejuízo financeiro e em um rebanho mais saudável e de qualidade.
Fontes: Revista Rural, Canal Rural e Embrapa