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Guia completo para o bezerro saudável: conheça o que precisa ser feito para evitar mortes de animais em sua propriedade

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Pesquisa desenvolvida pela empresa Be.Animal, liderada pelo professor Mateus Paranhos, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), mostra que a taxa de mortalidade de bezerros no Brasil, do nascimento ao desmame, pode chegar a 10%. Isso significa que dos cerca de 50 milhões de bezerros que nascem anualmente no país, cinco milhões de animais morrem, principalmente por conta de acidentes de manejo ou doenças. Se levarmos em conta que um bezerro custa R$2 mil no estado de São Paulo, é possível estimar que essa perda chegue perto dos R$10 bilhões por ano.

Esse cenário mostra a necessidade de os produtores de bovinos no Brasil se atentar para os cuidados com os bezerros ao longo do processo produtivo. Estes cuidados precisam se iniciar antes mesmo do nascimento dos animais.

Este artigo é, na verdade, um guia completo com os cuidados essenciais que os produtores precisam adotar para criar bezerros saudáveis. Acompanhe! 

Preparativos começam antes do nascimento

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os cuidados com a saúde dos bezerros se iniciam antes do nascimento, com a preparação das matrizes para a cobertura. Um dos cuidados nesta fase é a realização de exames ginecológicos das matrizes e, em determinados casos, exames laboratoriais complementares para identificação de doenças como Brucelose, Leptospirose, Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR) e Diarreia Viral Bovina (BVD). Estas doenças causam aborto e até infertilidade, por isso, é muito importante que o produtor esteja atento e saiba diagnosticá-las.

O produtor rural deve contar com o apoio de um médico-veterinário de confiança para montar o calendário de vacinação das matrizes nas propriedades. Quando observado um aborto, é recomendável que seja feita a coleta de partes do feto e placenta para exames laboratoriais que vão identificar os microrganismos causadores da mortalidade fetal. 

Parto: fique atento aos sinais e prepare um local calmo

O parto é um momento bastante importante neste processo. Pouco antes de parir, as vacas ficam inquietas, param de comer e geralmente se afastam do rebanho para procurar um local para o parto. Elas também ficam com as costas mais arqueadas, andam em círculos e deitam e se levantam diversas vezes. É preciso que um local seja destinado exclusivamente para as vacas com sinais de parto, já que com a ruptura da bolsa, o animal tende a permanecer no local onde ela estourou, lambendo o fluido amniótico.

Este local para parto deve oferecer espaço, sombra, água e alimento à vontade para vaca, além de ser calmo e longe da movimentação da fazenda.

Em condições normais, o parto dura de 30 minutos a 4 horas e a expulsão da placenta ocorre de 4 a 5 horas após o parto, não devendo ultrapassar 24 horas, o que indica uma retenção.

Nos casos de retenção, procure um médico-veterinário de confiança, pois é muito provável que seja preciso medicar o animal. A Bimeda oferece dois produtos neste caso: Solucef-PPU, indicado para tratamento de infecções bacterianas, e o Clocio, um agente luteolítico à base de cloprostenol sódico para bovinos.

Cuidados imediatos pós nascimento

Logo após o nascimento, diversos cuidados devem ser tomados em relação ao bezerro.

Um dos cuidados fundamentais neste momento está relacionado à cura do umbigo, que se não for feita de forma adequada pode resultar em contaminação, gerando inflamações e infecções no próprio umbigo (onfaloflebites), em casos mais graves podendo chegar até as articulações como as poliartrites ou "Caruaras".

Antes de realizar a assepsia verifique o comprimento do cordão umbilical, cortando-o quando for muito grande. Corte-o deixando cerca de 5 cm (aproximadamente três dedos) com uma tesoura limpa e afiada e aplique em seguida solução de iodo ou produto específico para este fim.

Para evitar problemas com bicheiras é recomendada a aplicação de antiparasitários, como o Cidental e o Doracide, da Bimeda. O risco de bicheira no umbigo é alto, podendo até levar o bezerro à morte.

Outro ponto bastante importante neste período está relacionado às mamadas. Durante as visitas ao parto maternidade é preciso observar se o bezerro está com dificuldade para mamar. Para isso, observe se o bezerro está abatido, fraco e com a barriga funda. Veja também se os tetos da vaca estão cheios e brilhantes. Se isso ocorrer, é sinal que o bezerro não mamou.

Se for identificado que o bezerro não mamou, entre em ação. Conduza-o com a vaca ao curral, procedendo a apartação e contenção da vaca no tronco, para em seguida amarrar suas patas de trás. Quando a vaca estiver bem contida massageie levemente o úbere, tirando dois ou três jatos de leite de cada teto. Logo em seguida posicione o bezerro próximo ao úbere e com dois dedos alise o céu de sua boca até que ele comece a chupá-los. Com a outra mão, comece a espirrar leite em sua boca para aproximá-la de um dos tetos até que o bezerro o abocanhe e mame. Caso o bezerro perca o teto, repita o processo. O ideal é deixar o bezerro mamar até que fique satisfeito, apresentando a barriga cheia.

Se o pasto maternidade estiver distante do curral, é recomendado que a vaca seja conduzida ao pasto, porém o bezerro deve receber ajuda, podendo ser levado ao curral na cabeça do arreio, em carreta ou outro transporte disponível para não impor longas caminhadas aos animais, que já estão fracos. 

Monitoramento e cuidados contínuos

É indicado que o produtor mantenha uma rotina diária de visitas ao pasto de maternidade ou pelo menos a cada três dias, com o objetivo de monitorar tudo o que acontece com os animais e identificar problemas relacionados a bezerros fracos, abandonados, com bicheiras e diarreias. Se identificados esses problemas, é preciso que medidas sejam tomadas imediatamente para evitar o risco de morte.

Um ponto importante a ser observado é as vacas e bezerros que mugem com insistência, além de bezerros que se mantêm afastados das mães e com baixa condição corporal e pouca agilidade.

Verifique sempre se há água limpa disponível e cheque se há suplemento mineral nos cochos.

Fique atento às doenças! 

Diversas doenças podem acometer os bezerros nesse período, como diarreias, doenças respiratórias, doenças parasitárias, hemoparasitas e poliartrite.

A diarreia, por exemplo, afeta cerca de 27% dos bezerros em aleitamento e pode estar associada a bactérias, vírus, protozoários e a qualidade do alimento ingerido. Cada uma tem particularidades referentes a seu aspecto clínico, tratamento e controle. Em função destes fatos intrínsecos a cada doença, é importante o diagnóstico sobre qual o tipo de problema gastrointestinal está acometendo os bezerros de um determinado rebanho.

As doenças respiratórias também são consideradas um sério problema de sanidade, sendo responsáveis por 17% das mortes durante o período perinatal. As doenças respiratórias têm causas multifatoriais caracterizadas por infecção dos pulmões e brônquios, podendo ser causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Dentre os agentes infecciosos mais comuns, destacam-se a Pasteurella Multocida; Mannheimia haemolytica; Haemophilus somnus; Herpesvírus Bovino tipo 1; e Vírus Sincicial Respiratório Bovino. Nestes casos, uma opção é o uso do Solucef-PPU, além do Antitóxico, um suplemento injetável com vitaminas e aminoácidos que visa auxiliar na desintoxicação dos animais.

Outras doenças importantes:

Rotavírus: infectam os animais com menos de dez dias de idade, principalmente, pela ingestão de material fecal contaminado. Os sinais típicos de infecção por rotavírus são: depressão leve, salivação, relutância para mamar e parar de pé, diarreia aquosa amarelada. O surto de rotavírus depende diretamente da presença de anticorpos transferidos passivamente, e animais que recebem colostro em tempo hábil ficam bastante protegidos da infecção.

Coronavírus: causam fraqueza, depressão, relutância para mamar, e as fezes com muco e leite coagulado. A enfermidade costuma atacar animais a partir dos sete dias de idade até três semanas de vida.

Coccidiose: doença infecciosa, causada por protozoários do gênero Eimeria, destrói as células intestinais parasitadas à medida que ela se desenvolve. Essa destruição causa uma diminuição da capacidade de absorção de água, íons, além de hipersecreção e rompimento de vasos sanguíneos, caracterizado por diarreia de sangue, desidratação, anorexia, apatia e perda de peso. A forma mais severa se manifesta por diarréia sanguinolenta intensa, enfraquecimento rápido e alta taxa de mortalidade. Na forma subclínica, os bovinos não demonstram sinais perceptíveis da doença, além de apresentarem redução na ingestão de alimento, baixa conversão alimentar e queda do desempenho produtivo.

Criptosporidiose bovina: doença causada pelo protozoário Cryptosporidium parvum. Consiste em uma infecção que ocorre por meio do contato com as fezes, através da ingestão de alimentos e água contaminados por oocistos esporulados do agente. Os sinais clínicos incluem diarreia abundante aquosa e de cor amarela, cólicas, anorexia, perda de peso, depressão e desidratação.

Para o tratamento dessas doenças é indicado que o produtor procure um médico-veterinário. A Bimeda oferece em seu portfólio diversos produtos que podem ajudar, como o Solucef-PPU e o Trigenal.

Agora que você já sabe os cuidados básicos para evitar a mortalidade dos bezerros, damos uma dica extra que vai facilitar muito o seu dia a dia: sempre que for visitar o pasto maternidade tenha um bloco de anotações em mãos para registrar o horário e os números das vacas em trabalho de parto ou recém-paridas. No caso dos bezerros, registre seu número de identificação, peso (ou tamanho) e vigor (bom ou fraco), além de qualquer ação executada que não faça parte da rotina como a ajuda a mamar e aplicação de antibiótico.

Registre ainda o número de vacas que apresentaram dificuldades no parto e que precisaram de ajuda humana para parir, além do número daquelas que apresentarem úbere penduloso e tetos grandes ou falta de interesse pelo bezerro.

No caso de morte (mesmo para natimortos) anote o número de identificação do bezerro ou o de sua mãe; registre também a data, o local onde o bezerro foi encontrado e a provável causa da morte. Apesar da morte de bezerros ser um ponto muito desagradável em um sistema de cria, a anotação dos óbitos é muito importante, pois permitirá evitar que o problema se repita, otimizando a eficiência do sistema.

Todos esses cuidados e registros serão fundamentais para que cada vez menos bezerros morram na sua propriedade! Continue acompanhando o blog da Bimeda e saiba tudo sobre saúde animal!

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